segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Esperança fodidas n'alma.

Ela inspira, respira, fecha os olhos, enrijece cada músculo de seu corpo e reza para as lágrimas voltarem. Ela não pode dar-se ao luxo de chorar, não pode parar e analisar cada erro cometido, não pode planejar o futuro de novo, isso só iria machucá-la mais uma vez e claro ela não pode ferir-se de novo pelo mesmo motivo, pela mesma pessoa, repetir erros é retroceder e voltar ao passado é perder tempo.
Todos esperam o seu melhor, ela carrega expectativas de gente demais nas costas, dezoito anos, é pouca idade pra tanta responsabilidade, mas, não foi intencional, ela é a soma de passados fodidos e foi a única ríspida esperança no meio de toda aquela indecência, calou-se diante de toda aquela porcaria em que vivia, eu sei que não foi intencional, foi a única corda pra se agarrar; ela não faz mais escolhas, da ultima vez que fez, desviou-se do sentido de seu nascimento e não valeu apena. Tem uma missão a qual foi determinada, não muda, não se transforma. Às vezes eu penso em como será no dia que ela conseguir chegar na ultima etapa... Ainda haverá vida?
Os músculos relaxam, os olhos se abrem e a visão do abismo vem à tona, seus pés estão fixos à beira da montanha, o oceano se estende como plano de fundo e futuro leito de um possível desfecho, talvez seu pensamento não seja muito louvável, mas, olhando por um outro lado, essa vida que esvai-se nem se quer à pertence de certo modo, seria um desfecho perfeito para uma vida robótica e quase sempre pensada. Mais um passo à frente e ela está há dois centímetros de um fim irremediável, ela não pode voltar e viver do mesmo modo ou tentar fazer tudo diferente, seria como matar os sonhos de outras pessoas fodidas, é melhor que se acabe com a origem do incêndio e pronto!
Ela tira a armadura, relaxa, chora, lembra-se dos erros, dos acertos, dos amores que não pode ter, das feridas abertas em seu peito, imagina como seria o futuro, pensa em erros que valeriam apena ser repetidos, joga toda carga de pessoas fodidas no cume da montanha. Ela inspira, respira, fecha os olhos, e apesar de toda descarga, sente o corpo ainda mais pesado que de costume, então pede perdão a si mesma por ser tão covarde e pula.